Escritor,
filósofo e militante anarquista russo, nascido na nobreza russa em Moscou,
em 1842. Depois de passar pelo Corpo de Pagens, já oficial, foi para a
Sibéria onde realizou importantes levantamentos geográficos. Desligou-se
do exército e tornou-se geógrafo, tendo percorrido a Sibéria
e a Manchúria, onde pode conhecer de perto miséria dos povos sujeitos
ao Czarismo. Em 1872, realizou uma viagem à Bélgica e à Suíça,
onde entrou em contato com os anarquistas da Federação do Jura,
tendo-se filiado na AIT. De volta à Rússia, começou uma
militância em grupos clandestinos, o que o levaria aos cárceres
czaristas. Depois de uma fuga espetacular, exilou-se no Ocidente, tendo retomado
seus contatos com os anarquistas suíços, fundando e editando em
Genebra, em 1879, o jornal Le Révolté, até ser novamente
preso na França, em 1882. Libertado em 1885, depois de um amplo movimento
de intelectuais e cientistas, entre os quais Herbert Spencer, Ernest Renan e
Victor Hugo, refugiou-se na Inglaterra. Conviveu com os principais intelectuais
da sua época e foi colaborador da Geographical Society. Em alguns de seus
livros, Kropótkin tentou buscar uma base científica para o pensamento
anarquista. E, se de sua pesquisa saíram trabalhos que ainda hoje desafiam
o leitor, certamente incorreu também no erro de um racionalismo e otimismo
científico típicos da sua época. Mas, foi certamente como
propagandista revolucionário, que Kropótkin se tornou o mais traduzido
e lido de todos os pensadores libertários. Seus livros faziam parte da
biblioteca dos camponeses e operários em quase todos os países.
Palavras de um Revoltado, Aos Jovens, Ética, O Estado e seu Papel na História
tiveram edições em inúmeras línguas e em todos os
continentes. O seu verbete sobre o anarquismo publicado na edição
da Encyclopaedia Braitannica de 1910 é, até hoje, uma das mais
bem elaboradas definições. Voltou à Rússia durante
a Revolução de 1917. Crítico do autoritarismo comunista,
escreveu a Lenin em março de 1920, denunciando a evolução
autoritária que estava ocorrendo, divulgando, em junho, uma carta aberta
aos trabalhadores do ocidente onde alertava para a evolução da
Revolução Soviética. Em 21 de dezembro, voltou a fazer novas
críticas em carta enviada ao dirigente comunista. Morreu em 8 de fevereiro
de 1921. Seu funeral foi a última grande manifestação pública
do anarquismo russo. Entre os seus principais livros estão A Conquista
do Pão, Apoio Mútuo, Campos, Fábricas e Oficinas, Ética
Anarquista e A Grande Revolução.