Precisamos de garagens com guitarras distorcidas, baterias demolidoras e baixos
matadores.
Precisamos de mulheres e cachaça a baixo custo. Não, não levaremos a vida tão a
sério.
Também vamos demolir a cultura séria; criaremos nossos próprios zines, nossos
próprios selos e editoras, cuspiremos na cara do conformismo e submissão.
Trilha sonora da brincadeira de hoje: Stiff Little Fingers - Wasted Life
A música pode não mudar o mundo, mas pode lhe garantir uma boa foda no sabadão à
noite. A vida e o rock valem uma boa trepada, literalmente. Aliás, uma das
vantagens de se estar vivo nos dia hoje é poder ouvir um bom Chuck Berry, Bo
Diddley, The Troggs, The Kinks e abrir um garrafão... um litrão de uma birita
qualquer... calcinhas espalhadas pelo quarto... um velho vinil do Alice Cooper
ao chão, misturado com resto de vinho vulgar. O dia tanto faz, o tempo que se
foda. Você aumenta o som e vê claramente aquela pintura encharcando de noise as
paredes da sala: Elvis sorri, Lemmy ajeita a verruga e Keith Richards dá um
trago curto antes de visitar mais uma vez o inferno.
Não consigo escutar hoje em dia nada de novo no front em que eu diga a plenos
pulmões : "Puta que pariu, que foda"; mas isso pode ser creditado a um certo
conservadorismo musical do meu aparelho auricular - talvez eu não passe de um
tiozinho conservador fã de Stones e Who. Aliás, o que me deixa puto não é a
falta de bandas boas: até que existem bons exemplos de bandas brazucas boas,
sons interessantes paridos nas garagens de Detroit e também a tradição de grupos
inspirados lá na Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega - deprimente é sair num
fim de semana e ver só nego chucro, paga pau frouxo, que só tem um visual e nada
mais, pessoas sem coração, que consomem e consomem e não são nada, sem recheio e
nem procuram ser, isso é pior que gozar com o pau dos outros, isso é nem gozar.
O rock and roll não é um dinossauro, o rock and roll é careta e odeia rave. Rock
and roll é ter noventa centavos e voltar com um telefone e um sonho erótico pra
casa. E vem neguinho ser emo, onde vamos parar com essa porra? Mas tudo bem,
ainda existem os sebos e as festinhas sacanas pra que não tem um puto no bolso,
mas leva o capeta na alma. Dirty and loud rock and roll is the law.