Matérias: Colunas: Chuck Berry, Presidente e Benflogin: Manifesto 217 - Catarro urgente para as novas gerações

Precisamos de garagens com guitarras distorcidas, baterias demolidoras e baixos matadores.
Precisamos de mulheres e cachaça a baixo custo. Não, não levaremos a vida tão a sério.
Também vamos demolir a cultura séria; criaremos nossos próprios zines, nossos próprios selos e editoras, cuspiremos na cara do conformismo e submissão.


Trilha sonora da brincadeira de hoje: Stiff Little Fingers - Wasted Life

A música pode não mudar o mundo, mas pode lhe garantir uma boa foda no sabadão à noite. A vida e o rock valem uma boa trepada, literalmente. Aliás, uma das vantagens de se estar vivo nos dia hoje é poder ouvir um bom Chuck Berry, Bo Diddley, The Troggs, The Kinks e abrir um garrafão... um litrão de uma birita qualquer... calcinhas espalhadas pelo quarto... um velho vinil do Alice Cooper ao chão, misturado com resto de vinho vulgar. O dia tanto faz, o tempo que se foda. Você aumenta o som e vê claramente aquela pintura encharcando de noise as paredes da sala: Elvis sorri, Lemmy ajeita a verruga e Keith Richards dá um trago curto antes de visitar mais uma vez o inferno.

Não consigo escutar hoje em dia nada de novo no front em que eu diga a plenos pulmões : "Puta que pariu, que foda"; mas isso pode ser creditado a um certo conservadorismo musical do meu aparelho auricular - talvez eu não passe de um tiozinho conservador fã de Stones e Who. Aliás, o que me deixa puto não é a falta de bandas boas: até que existem bons exemplos de bandas brazucas boas, sons interessantes paridos nas garagens de Detroit e também a tradição de grupos inspirados lá na Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega - deprimente é sair num fim de semana e ver só nego chucro, paga pau frouxo, que só tem um visual e nada mais, pessoas sem coração, que consomem e consomem e não são nada, sem recheio e nem procuram ser, isso é pior que gozar com o pau dos outros, isso é nem gozar. O rock and roll não é um dinossauro, o rock and roll é careta e odeia rave. Rock and roll é ter noventa centavos e voltar com um telefone e um sonho erótico pra casa. E vem neguinho ser emo, onde vamos parar com essa porra? Mas tudo bem, ainda existem os sebos e as festinhas sacanas pra que não tem um puto no bolso, mas leva o capeta na alma. Dirty and loud rock and roll is the law.
 


Mário Mariones é apenas um lazarento qualquer viciado em Chuck Berry e calcinhas exóticas.
Contato: mariomariones@gmail.com ou no blog http://vozeriodoinferno.blogspot.com 

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