Por
Bruno Feijão Genaro e César Rodrigues
Fale
um pouco de como se originou o Confronto...
Em
1999 eu Felipinho e Miliano estávamos na pilha de montar uma banda
metal em que tivesse cunho político nas letras e fosse em português...
Chamamos o Dudu e montamos o Confronto. Formado por Chehuan-voz, Felipinho-Bateria,
Miliano-Guitarra e Dudu no Baixo.
Nessa época
já tinha uma cena legal no RJ?
Tinham
bandas mais antigas que eram o Reajuste e o Age of Quarrel e uma molecada
nova começando a aparecer, montar bandas e zines... Lembro que o
Speak Clear (old school, eu tocava baixo) tocava direto, mas nada comparado
aos dias de hoje. Os shows eram sempre misturados com bandas melódicas
e tal... tinha muita gente empolgada... Naquela época sonhávamos
em montar uma banda pesada e o Confronto realizou nosso sonho
O
Confronto é uma banda sXe/vegan?
Éramos
Straightedges antes da banda ser formada... vegans/vegetarianos também,
mas isso nunca soou como cunho principal da banda. Nossa maior preocupação
sempre foi mensagem política, do cotidiano, da revolta... e as drogas
também se enquadram nesse aspecto para nós.
Então
as letras do Confronto não são voltadas ao sXe?
Não
necessariamente. Tem Corporações Assassinas e uma nova chamada
Negação, também fizemos um couver de Unbroken Fellings
do extinto Self Conviction, todas elas falando da droga como um problema
social, mas a maioria das letras são contra o capitalismo/sistema
em si. E nossas letras não são direcionadas a um grupo, montamos
a banda para expor nossas idéias ao maior número de pessoas
envolvidas com hardcore e com metal.
O
Confronto tem alguma influência específica, ou tenta passar
um som próprio?
Temos
muita influência de Metal doa anos 80 e 90, como Slayer, Kreator, Obituary
e Sepultura (velho)... Mas, claro que buscamos ter nossa personalidade musical.
Está confirmado
Confronto este ano para a Europa?
Sim,
em junho começaremos nossa 2ª turnê na Europa, dessa vez bem
mais estruturada, com grandes chances de dividir o palco com banda como Napalm
Death, Suicidal Tendencies, Madball... resumindo: estamos trabalhando duro para
realizar esse sonho mais uma vez! Nosso Booker e nosso novo selo (Burning Season
Records) estão dando duro pra marcar todos os shows.
E
quais as expectativas pra tocar aqui com o 25 Ta Life?
Então,
a turnê com 25 ta life foi cancelada. Acho que eles virão em
férias e tocarão 4 shows somente. Não sei ao certo o
que aconteceu, mas acho que devemos tocar juntos num show no interior de
São Paulo. Fora isso estamos agendando nossos shows de lançamento
e divulgação do novo CD que sai em abril/maio!
Fale
um pouco desse novo CD e o anterior "A Insurreição"...
O "A
Insurreição" saiu em 2001 pela Cospe Fogo Gravações
de SP e rapidamente foi esgotada a primeira tiragem de 1000 cópias. Ano
passado ele foi reeditado com a junção e parceria de 3 selos sendo
eles: Cospe Fogo Gravações, Estopim Records e Revenge Records.
Com o vídeo clipe da música: Guerra, Queda e Morte de bônus.
Ele foi lançado na Europa pelo selo Circulation Records (Alemanha) em
2003 e rendeu bons frutos para nós no velho continente. O Cd novo vai
se chamar "Causa Mortis" ele está na linha do "A Insurreição" mas
com uma cara mais malvada e sombria. Acredito que evoluímos musicalmente
e tivemos a chance de fazer um disco com toda a calma do mundo e com a produção
de um cara que é excelente no que faz, nosso brother Davi Baeta de Cabo
Frio. Estamos agilizando os últimos detalhes para mandar pra fábrica.
Esse disco novo vai sair no Brasil, Argentina e Europa e provavelmente nos EUA
também.
E
como foi o split com o Children Of Gaia?
Quatro
músicas experimentais, sendo a 2ª (Render-se Jamais) uma versão
de uma música da demo, a 3ª (um texto que decidimos colocar uma
base) e a 4ª música um couver. Essas mesmas músicas também
saíram na Europa remasterizadas num split com Fall of a Season (Alemanha)
por um selo austríaco chamado Burning Season Records e esse cd pode
ser encontrado no Brasil no site da gravadora: www.xrevengex.com.
Como
você vê a cena sXe no Brasil?
O
Brasil tem uma das maiores cenas do mundo, potencial nós temos de sobra.
Anos atrás eu via mais pessoas envolvidas diretamente e decididas a
transformar, hoje existem pessoas que não se importam tanto, que somam
mais na quantidade... O que devemos buscar é sempre nossa identidade
e dispensar a cópia do que são as cenas de lugares que pouco
se importam com a mensagem e aclamam a estética.
Em
uma entrevista ao Antimidia o Colligere diz que o Straight Edge está morto,
o que você diz à respeito?
Não
sei se eles disseram isso realmente ou foi alguma brincadeira de mau
gosto. Percebo que as coisas realmente mudaram. Eu vi gente entrar e
sair e continuarei vendo isso. Tenho o Straightedge como algo comum em
minha vida. Conheci muita coisa em fanzines e nos shows, não na
internet. Acho que hoje existe outra visão. Não sei se
entendi "errado" mas hoje vejo coisas que anos atrás
eram abominadas na cena... É fato também que muitas pessoas
esperam do SxE um grupo ou um exercito revolucionário transformador
da sociedade, e esquecem um pouco da realidade... Eu não acredito
nisso. O Fato de existirem pessoas que não bebem e não
fumam e compartilham da mesma dieta não quer dizer que todas elas
devam ser amigas... Precisamos ter os pés no chão! O SxE
não está morto, o que está morto são os pensamentos
de muitas pessoas que são SXE.
Por
que a banda se chama Confronto?
A
proposta inicial sempre foi ter um nome forte e em português, que exprimisse
a idéia da banda na atitude, letras e postura. Confrontar, questionar,
contra-atacar... Queríamos um nome forte e direto, decidimos por esse!
O
que você diria sobre bandas caídas?
Isso
não me preocupa desde a proposta da banda não seja falsa (como
existe com várias bandas de hardcore com pessoas que não são
mais sxe´s). Agora, quando algumas bandas "falam de mais" (passam
uma mensagem para serem aceitos) ou são promovidas para que as pessoas
consumam, e sei que, não vivem o que falam/pregam eu nem escuto, pra
mim não existem!
Voltando à Europa,
o pessoal lá já conhece o som do Confronto? O que o pessoal
de lá acha de bandas brasileiras?
Quando
viajamos em 2003 quase ninguém conhecia, com a prensagem do disco e
do split por lá em menos de um ano, tivemos grande repercussão
nesses dois lançamentos em diferentes países, sem contar as coletâneas
e samplers que saíram por lá e nos EUA. Muita gente da Europa
tem grande interesse em bandas Sul-americanas, pois sabem que a maioria das
bandas passam por dificuldades e expressam suas idéias de forma verdadeira
e sincera. Isso faz uma grande diferença.
Como
que é em relação à estrutura? Lá tem uma
estrutura legal? Qual a diferença entre a Europa e o Brasil?
Cara,
quanto a isso fica difícil comparar, eles tem todas as facilidades
em suas mãos. O Esquema por lá chega no nível do
metal muitas vezes. Eu enquadro estrutura a recepção, comida
e tudo que eles dão para as bandas. Lá, no verão,
tem shows todos os dias em diferentes locais, ou seja, a cultura lá é diferente.
Quanto ao Brasil, vejo melhoras, as coisas estão mudando gradativamente.
Tudo está muito melhor que anos passados. Temos que consolidar
as coisas por aqui com a nossa cara e não tentar nos moldar aos
padrões europeus, porque isso é ridículo. Precisamos
consolidar as coisas por aqui com a nossa cara e não tentar nos
adequar a uma realidade que não é cabível para nós.
Deixe
uma mensagem pra finalizar:
Bruno,
muito obrigado de coração pela entrevista. Foi um enorme
prazer trocar essa idéia contigo. Espero que este ano de 2005 seja
bom para todos nós. Que consigamos alcançar nossos objetivos
e que as coisas se solidifiquem! Para qualquer dúvida escrevam para
xconfrontox@hotmail.com ou visitem nosso site www.xconfrontox.com e fiquem
ligados nos shows e no CD novo!
Contatos:
e-mail: xconfrontox@hotmail.com
site: www.xconfrontox.com