Eu não considero "emo" um movimentos, mas segue a história desse estilo musical,
aí vai de cada um, veja se você se identifica com o que segue adiante.
Hoje em dia, bandas como Jimmy Eat World, Get Up Kids e Thursday são
consideradas "Emo". Indian Summer, Native Nod, Rites of Spring e
Fugazi também são. As bandas mais recentes podem vagamente ser
agrupadas sob a descrição "Punk com pegadas Pop". As
bandas mais antigas têm o som que inspirou e deu sentido ao estilo. Onde
estes dois grupos se encontram? Em lugar nenhum, pelo que eu saiba.
Hoje o termo está completamente rebaixado por sua apropriação
pelo comércio e pela crítica, mas "Emo" foi uma evolução
da cena, a culminação de muitas bandas, todos trazidos no momento
e na hora certa. É claro que a maior parte das bandas não gosta
de se auto-intitular "Emo", prefere a evolução, o esforço
constante para serem diferentes, originais. Diante disso, nenhum verdadeiro
músico quer ser rotulado ou colocado numa caixinha de estereótipos
porque isso parece diminuir a intensidade e a complexidade da música.
Mesmo assim, o termo ainda é uma inteligente descrição
para as bandas pioneiras, porque, nos termos mais vagos, música "Emo" tem
uma estrutura espiral que consiste em largos e crescentes clímax que
geralmente se contrastam com passagens quietas e mais reflexivas "uma
combinação que, na mais superficial e redutiva analise imaginável,
sugere a inconstante e tensa natureza humana".
Compare isso com Get Up Kids, por exemplo. É verdade que seu estilo
Pop-Punk influenciou inúmeras novas bandas a deixarem o humor imaturo,
associado à Fat Wreckords, e a se focarem mais em questões pessoais.
Mas, ainda assim, eles tocam acessível e cativante música Pop-Punk,
com letras que te fazem discriminá-los, ou se sentir bem, ou, se eles
forem muito enérgicos, podem te fazer querer vomitar. Não estou
diminuindo o valor do Get Up Kids só porque eles são desmerecidamente
rotulados "Emo" por uma porção de meninos insensatos/estúpidos
- ou surdos. Mas, ao mesmo tempo em que é admirável terem influenciado
algumas bandas a compor letras mais profundas, muitas dessas bandas não
passam de cópias pioradas do que são agora os clichês do "Emo":
oitavadas, músicas acústicas, linhas de teclado fracas, melancólicas
fotografias e design do encarte lotado de abstração, que não
passa de linhas e círculos arbitrários.
Por essa razão, eu gostaria de dispensar a tentativa de trazer bandas
como o Get Up Kids, Jimmy Eat World e Saves The Day para dentro da concepção "Emo",
porque todos esses grupos são agora meras imitações do
gênero. São bandas Pop-Punk com letras sobre namorados e namoradas
bonitinhas. Isso não é e nunca foi "Emo", e rotular
essas bandas assim é dar uma impressão inteiramente errada. "Se
você quer compreender o gênero, escute as bandas mais antigas e
veja como elas não são Mariah Carey-para-o-underground. Mariah
Carey não deixaria escapar os primitivos, guturais berros como o Guy
Picciotto (que hoje toca no Fugazi) faz no Rites of Spring. Mariah Carey faria
uma balada acústica, como o Ataris ou o Something Corporate. Essa é a
diferença".
Fase "Emo"
Indian Summer, Hoover, The Hated, Native Nod, Moss Icon, Current, Still Life,
Navio Forge, Shotmaker, Julia, Policy of Three, Sleepytime Trio, Noneleftstanding,
Embassy, Ordination of Aaron, Four Hundred Years, alguma coisa mais antiga
do Unwound, etc.
Do pesado, porém melódico, som do Rites of Spring (que ainda
soa atual e incrivelmente acessível), teve origem uma dissonante tendência
do "Emo", que logo se tornou um dos principais argumentos contra
o uso do termo – os dois sons eram bem diferentes, e ainda assim eles
retinham o mesmo termo para sua descrição. Alguns sugeriram que
os pioneiros, com suas pegadas Pop, vocal suave e ritmo meio-tempo Embrace,
Rites of Spring, Hot Water Music, por exemplo deveriam ser chamados "Emocore".
A música que o "Emocore" eventualmente se tornou, por volta
de 1987/88, é a chamada "Emo". Confuso? "Essa dissonância ‘Emo’ é ainda
mais sombria, com dinâmicas mais extremas ritmado, quieto, acordes de
guitarra que, em seu clímax, chegam a ser tão sutis quanto a
pulsação do sangue, e que explodem como se o mundo estivesse
prestes a acabar e toda a necessidade da banda é atingir mais um catártico
orgasmo musical". Quando bem feito, não há dúvidas
de que é uma forma extremamente poderosa. Mais que qualquer coisa, estas
dinâmicas permitiram à música mais espaço para respirar:
ela se tornou menos urgente e, ainda assim, repleta de berros apaixonados.
Infelizmente, bandas desse estilo tendem a não durar muito. É comum,
nessa fase, um único registro de uma banda sair só depois que
ela acaba. Obviamente, isso prejudica a divulgação e, conseqüentemente,
a distribuição do registro, já que ninguém da banda
se esforça muito para promovê-lo. Até recentemente, a maioria
dos registros "Emo" foram feitos somente em vinil, mas os relançamentos
em CD de discografias de bandas que acabaram estão ficando comuns.
Dois dos mais reconhecidos e universais elementos do "Emo" aparecem
no estilo de som da guitarra e nos vocais. A oitavada – que enriqueceu
a música – e aquilo que posteriormente se tornou, para muitos,
um mito ou uma designação para música emocional: os vocais
chorados. O vocal é, geralmente, bem mais intenso do que no "Emocore",
mudando de "normal" nas partes calmas para "gritos guturais" até verdadeiros
soluços e choro. A maioria das bandas dessa fase têm músicas
que se constroem tão lentamente que chega a ponto de alguém chorar.
Por ser sincero (já que é muito difícil forçar
este tipo de emoção convincentemente) e aparentemente estranho, é comum
ser ridicularizado por meninos que dizem que a música está igual
ao Metallica e o vocalista chorando tipo "Ahhh! Minha mãe me esqueceu
no supermercado quando eu tinha seis anos!!!! Nãoooo!!". Mas se
você é receptivo a esse tipo de coisa, sem dúvida é algo
maravilhoso e único.
Não é segredo, e isso pode ser visto até hoje em dia,
em muitos shows recentes: bandas "Emo" ao vivo tendem a tocar de
costas para o público, durante as partes calmas. Durante as altas e
explosivas, tendem a perder a noção (de espaço, de capacidade
física, de ridículo...), começam a se mexer compulsiva
e freneticamente e a se jogar sobre tudo, derrubando uns aos outros, além
dos amplificadores, stands de bateria, paredes e, especialmente, os stands
de microfone. "Combine isso com o fato de que o vocalista nunca chega
ao microfone a tempo de cantar, então decide ficar gritando com toda
a força dos pulmões aonde quer que esteja quando a hora chega,
o que significa que quase sempre o show inteiro vai passar sem que o público
consiga escutar o vocal".
Outras duas características marcantes são as letras e a arte
gráfica, que tendem para a abstração. Fotografias são
geralmente em preto-e-branco, de coisas esquisitas (veja esta foto da capa
do CD Negated/Said Serial/Census, do Unwound), e as letras são geralmente
pequenas, difíceis de se decifrar, escritas com antigas máquinas
de escrever, sem conter pontuação ou capitalização. "Os
encartes geralmente têm letras, mas freqüentemente tão desorganizadas
e casuais que são muito difíceis de ler (a não ser que
o disco tenha sido lançado pela Ebullition Records, que no caso tem
pequenas inserções explicativas)". Geralmente a única
informação registrada sobre a banda são os primeiros nomes
dos integrantes.
Comércio é muito reprimido na cena "Emo". A maioria
dos discos são lançados por selos pequenos, caseiros, ou o próprio
selo da banda. Discos são geralmente analógicos, feitos e vendidos
baratos, assim como as entradas para shows. As bandas em turnê às
vezes têm a sorte de conseguir dinheiro para pagar a gasolina.